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Host, Boss, Timoneiro, Contínuo, Editor-Chefe, Asno Volante e Office-Boy: Carlos Del Valle
Convidados deste programa:
Sérgio Dias, do Boteco F1
Fernando Campos, do Instagram do PF1BR
Joshué Fusinato, autor de vários artigos no Podcast F1 Brasil
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Parte 1: Especial Williams – a Era Cosworth
1983 – Contrato Assinado e Estréia na Última Corrida
Durante praticamente toda a temporada, a Williams usou Ford-Cosworth V8, mas o acordo com a Honda já tinha sido firmado no início do ano. Encorajador quinto lugar na última corrida do ano, já com motor Honda em Kyalami.
Desde 1982, a equipe Spirit testava com um chassis de Formula 2 adaptado um motor que a montadora japonesa havia desenvolvido em segredo. Foram diversos testes até meados de 1983, sempre em autódromos vazios, tendo inclusive testado sozinha no Rio de Janeiro após o GP do Brasil. A escolha pela Spirit se deu por dois motivos: primeiro pela Honda já ser fornecedora do motores para o time na Fomula 2, e em segundo lugar, por a Honda ter interesse em “começar por baixo”, se desenvolvendo de forma lenta e gradual. A estréia da Spirit Honda se deu na Inglaterra, e os resultados não foram muito animadores, tendo como melhor resultado o sétimo lugar em Zandvoort, e a última corrida dessa combinação foi justamente a de Brands Hatch, imediatamente anterior ao GP de estreia da Honda na Williams.
A Spirit-Honda com Stefan Johansson, puxando um “Trulli-Train” em Brands Hatch. A Spirit-Honda usava uma pintura em branco, vermelho e azul:
Tio Frank não conseguiu durante a temporada inteira fazer o carro render frente aos motores turbo das outra equipes, tampouco o chassis, sem o efeito asa para auxiliar, era bom o suficiente para brigar pela ponta regularmente. Acordos foram tentados com praticamente todas as fornecedoras do grid, mas como a Honda estava insatisfeita com os progressos da Spirit (lembrando que o Chassis era meramente um F2 adaptado).
1984 – Início Difícil com o FW09
O chassis FW09 não se mostrou exatamente um míssil no ano de estreia do motor Honda, provavelmente por já ter nascido obsoleto: era feito de alumínio, em um ano dominado pelo monocoque de fibra de carbono da McLaren da época.
O motor havia pulado dos 530 cavalos do Ford-Cosworth V8 para quase 850 cv com o Honda. Uma hipótese é que o chassis de alumínio não tinha a rigidez necessária para aguentar a potência e o torque do motor nipônico.
Uma vitória de Keke em Dallas e um segundo lugar em Jacarepaguá, terminando o campeonato em oitavo. Laffite marcou cinco pontos na temporada.
A vitória de Rosberg em Dallas foi considerada um prodígio, com um carro difícil de controlar:
Confiabilidade inacreditavelmente ruim: Laffite terminou cinco das 16 corridas, e Rosberg apenas seis.
A equipe ficou em sexto entre os Construtores, pior resultado desde 1978 (décimo lugar).
1985 – Ano Promissor, com Fibra de Carbono e Nigel Mansell
Também foi o ano de estréia da pintura da Canon, que iria de 1985 a 1993 nas cores amarelo, azul e branco. Desta vez o carro era um monocoque de fibra de carbono, o FW10.
Dupla de pilotos: Keke Rosberg e Nigel Mansell (haja coração).
Quatro vitórias: Keke Rosberg, o “Menino de Rua”, venceu nos circuitos urbanos de Detroit e Adelaide. Das cinco vitórias de Rosberg na carreira, a única que não foi em circuito de rua foi justamente a que o catapultou para o título, em Dijon-Prenois 1982.
Nigel Mansell venceu duas no ano de estreia da poderosa parceria com o tio Frank, em Kyalami e no mítico lendário vitaminado magnânimo Brands Hatch. A vitória em Brands Hatch foi também a primeira do Leão na F1, e foi cercada de polêmicas. Rosberg e Senna disputavam a ponta, quando em uma manobra ousada demais do finlandês forçou uma ultrapassagem e acabou rodando, saindo da disputa e levando Piquet junto. O Leôncio foi para os boxes, trocou pneus e saiu na frente do Senna, que estava pronto para lhe dar uma volta, porém Rosberg endureceu o jogo, não permitindo a ultrapassagem, além de diminuir o ritmo até que Mansell conseguiu encostar e passar ambos.
Corrida completa de Brands Hatch:
O lance da rodada durante a batalha
Outra marca de destaque alcançada foi a pole position conquistada pro Rosberg no GP da Inglaterra de 1985, em uma volta canhão de 1:05.591, com uma média horária de 258 quilômetros por hora, foi por 17 anos a volta mais rápida da F1, recorde quebrado por Juan Pablo Montoya, em Monza, volta percorrida em 1:20.264, com média horária de 259.827 quilômetros por hora, também em uma Williams, impulsionada por um motor BMW.
A Williams foi terceira entre os Construtores em 1985, numa clara volta à boa forma.
1986: Acidente trágico com Frank e Campeonato perdido no final
Em março de 1986, a grande tragédia acontece com Frank Williams. Numa viagem de carro voltando da pré-temporada em Paul Ricard, a caminho do aeroporto de Nice, Frank se acidentou, capotando o carro. Sofreu fratura de coluna cervical com lesão medular e ficou tetraplégico em caráter definitivo. Não compareceu a corridas por quase um ano.
Mesmo com o patrão longe, a equipe foi campeã de Construtores e venceu nove das 16 corridas com o chassis FW11. A dupla foi a célebre Piquet/Mansell. O brasileiro vinha da Brabham, tendo quase ido para a McLaren nas negociações. Quem acabou indo para o time de Ron Dennis foi Keke. Teria a Honda preferência por Piquet? Teria tido influência na ida do então bicampeão para a equipe do tio Frank? Diz-se que havia um acordo (apenas verbal) sobre Piquet como primeiro piloto.
Teria Piquet sido campeão em 1986 caso Mansell tivesse bancado o escudeiro? Ou o contrário, tendo em vista que Piquet teve 4 vitórias, contra 5 vitórias de Mansell?
Hockenheim 1986: Mansell avisa que vai fazer um pit stop, de repente Piquet aparece nos boxes, acaba com a estratégia de Mansell
Ainda na Alemanha, Keke Rosberg anunciou que esse era seu último ano na F1, citando 8 razões para esta decisão. No dia seguinte, Piquet deu uma entrevista dizendo porque continuaria pilotando um F1, e citando as mesmas 8 razões.
Matéria da Globo sobre a vitória de Piquet em Hockenheim, com Senna em segundo e Prost tentando empurrar a McLaren:
Hungaroring 1986: foi quando Piquet fez “aquela” ultrapassagem sobre Senna:
Quase conseguiram ser campeões de pilotos com Mansell, que estava liderando o campeonato até a última corrida, que seria em Adelaide. Mas houve a célebre explosão do pneu de Mansell, a parada preventiva de Piquet e a surpreendente conquista do título por Alain Prost. Existe a velha argumentação em favor do jogo de equipe contra deixar os pilotos disputarem livremente.
Texto do Ivan Capelli explicando o final dramático da temporada de 1986.
1987: Dominação, Duelo Interno e Piquet campeão
Em 1987, a Williams foi campeã de pilotos e de Construtores, no ano do tricampeonato de Nelson Piquet. Foi um duelo particular contra Nigel Mansell. O motor TAG-Porsche da McLaren de Prost já não era páreo para as unidades Honda, e o pesado chassis Lotus com suspensão ativa atrapalhou a campanha de Ayrton Senna.
Ano difícil para Piquet, por conta de um terrível acidente na curva Tamburello nos treinos para o GP de San Marino em Imola, que o tirou da corrida e o deixou com sintomas neurológicos durante a maior parte do ano (insônia e dificuldades visuais).
Vídeo do acidente:
Mesmo com apenas 3 vitórias contra as 7 de Mansell, Piquet foi campeão com doze pontos de vantagem para Mansell, usando de muito talento, trabalho, experiência e até malandragem. Acidente de Mansell que definiu o título em Suzuka.
Mesmo sendo campeã de Construtores por uma larga margem, a Williams foi preterida pela Honda. A marca japonesa optou por manter a Lotus amarela como cliente, e substituiu a Williams pela McLaren, que construiria no ano seguinte o poderoso MP4/4.
Como a Williams perdeu a Honda? Já havia um certo azedume da Honda com a perda do título em 1986, e a gota d’água foi a exigência da Honda em colocar Satoru Nakajima como segundo piloto, ideia que foi firmemente repelida pela Williams. Com a Honda escapulindo, Piquet se mandou para a Lotus, por um contrato financeiramente espetacular. A Williams perdeu a Honda e perdeu Piquet, ficando para 1988 com Riccardo Patrese ao lado de Mansell, e com um motor aspirado Judd V8, prenunciando um ano sofrido.
1988: Ano de Transição com o Judd aspirado
Sem um motor de primeira linha para 1988, ano que seria a despedida dos turbos, a Williams optou pelo Judd V8 aspirado, que não foi páreo para os turbos da Honda e da Ferrari.
A dupla de pilotos foi Mansell e Riccardo Patrese. O italiano ficaria na equipe do tio Frank de 1988 até 1992, ajudando na escalada rumo aos anos dominadores de 1992-1993 (Patrese não fez parte desde último).
A Williams terminou em sétimo no Campeonato de Construtores, sem nenhuma vitória. Os melhores resultados foram dois segundos lugares de Mansell em Jerez e Silverstone.
Para 1989, ficou acertado o início da parceria com a Renault. Na época, poucos poderiam imaginar que a combinação Williams-Renault ainda seria chamada de “carros de outro planeta”
Vídeo com a história da Williams F1:
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30 comentários
Diego Ricarte · 1 de março de 2015 às 23:52
Primeiro!
Diego Ricarte · 2 de março de 2015 às 0:01
Agora falando sério! Muito legal vcs estarem fazendo um especial da Williams. Uma equipe que com certeza, está no coração de muitos fãs brasileiros! Como é bom ver a Williams novamente no pelotão da frente! Confesso que nos últimos anos temi, pela sobrevivência da Williams na F1.
Carlos Del Valle · 2 de março de 2015 às 22:33
Ano retrasado foi uma “naniquização” da Williams, foi lastimável…
Walescko Chimendes · 2 de março de 2015 às 14:53
Drift do Piquet na Hungria – uma ultrapassagens épicas da F-1.
dichavandotutors · 2 de março de 2015 às 18:18
O campeão no ano que eu nasci foi Mika Hakkinen (1999)
Carlos Del Valle · 2 de março de 2015 às 22:37
Bom ano! Tinha 10 anos na temporada clássica de 2010, que fisgava qualquer um 🙂
Ester dos Santos · 2 de março de 2015 às 20:39
O campeão do ano que eu nasci foi Alain Prost, 1989. Coloquem, por favor, o link do primeiro programa sobre a Williams.!
Carlos Del Valle · 2 de março de 2015 às 22:41
Bem lembrado Ester! Já consertei. Em 1989 eu gravei o GP do Japão em VHS… Acho que vi umas mil vezes depois… Esse era o mundo sem internet 🙂
Cristiano Seixas · 2 de março de 2015 às 21:33
Campeão do ano em que nasci : Jody Scheckter 1979 com Ferrari.
Sobre a Williams, uma efeméride interessante :
http://historiasdaformula1.blogspot.com.br/2007/06/momento-crtico-1-escolha-de-warwick.html
Artigo muito interessante, onde mostra-se que Frank Williams queria Derek Warwick e não Nigel Mansell para 1985, vale lembrar que para 1991 ele queria Senna e Alesi, e de novo a vaga caiu no colo de Mansell.
Nigel Mansell , de preterido 2 vezes ao piloto que mais venceu provas com o carro da Williams.
Carlos Del Valle · 2 de março de 2015 às 22:42
O Warwick era um cara conceituado, considerado primeira linha naquela época…
Tiago Oliveira · 3 de março de 2015 às 7:35
Nao é a toa que a imprensa inglesa quis comer o Senna por vetá-lo na Lotus. O brasileiro nunca mais foi tratado com neutralidade, pra ser mais polido, pela imprensa britanica em geral. Lembrando q o Senna fez sua carreira de base na ilha.
Cristiano Seixas · 2 de março de 2015 às 21:41
Sobre 1986 acredito que o Piquet não esperava que o Mansell conseguisse acompanha-lo, afinal ate o ano anterior o inglês era um bronco conhecido por suas besteiras e batidas. Porém reza a lenda que o inglês copiava as regulagens de Piquet e mandava ver. Até que no GP da Inglaterra o brasileiro ficou p da vida com o companheiro que defendeu a posição ferrenhamente, então ele disse que a partir daquele momento ele não mais dividiria informações com a equipe, curiosamente a partir da prova seguinte na Alemanha, o desempenho de Mansell caiu, vencendo apenas 1 prova (Portugal) e ai no México o britânico c…. e sentou em cima, com uma largada típica da síndrome Webber – Barrichello , caindo para as ultimas posições e terminando em uma melancólica 5. posição, começando a perder o titulo então .
Cristiano Seixas · 2 de março de 2015 às 21:48
Largada do GP do México de 1986
Por volta de 3:30 de vídeo, notem na excitação do narrador quando o inglês precursor de Webber – Barrichello “fica” na largada
Joshué Fusinato · 3 de março de 2015 às 9:49
Caramba Seixas, dando uma aula como sempre!
Diego Ricarte · 3 de março de 2015 às 11:23
O campeão da temporada que eu nasci, foi Alain Prost. 1986. De acordo com alguns, foi uma temporada histórica!
Carlos Del Valle · 3 de março de 2015 às 14:40
Bota histórica nisso! Você terá surpresas relacionadas ao seu ano de nascimento, no decorrer deste preente ano 😛
Mateus · 3 de março de 2015 às 14:10
Ótimo programa. Mas eu ri muito quando falaram que o bico do FW-09. Depois das temporadas de 2012 a 2014 vêm falar em bico feio???? Kkkkkk
Carlos Del Valle · 3 de março de 2015 às 14:39
Teremos que achar algo mais feio que o cão chupando manga para mencionar hehehe 🙂
Joshué Fusinato · 4 de março de 2015 às 14:52
Como dizem aqui na minha cidade: “mais feio que bater na mãe”!
Leonardo Oliveira (@oliveiraleo135) · 3 de março de 2015 às 18:03
O campeão do ano em que nasci foi Michael Schumacher: 1995
Carlos Del Valle · 3 de março de 2015 às 20:27
Sou de 1975, precisamente 20 anos de diferença! Enjoy Your Youth 🙂
Valesi · 3 de março de 2015 às 19:58
Interessante a discussão sobre pelos faciais no programa. Mas, se Mansell, Keke e Regazzoni eram respeitados por ter bigode, o que dizer de Emmerson, que tinha dois, um de cada lado da cara – e na vertical!!!!
Carlos Del Valle · 3 de março de 2015 às 20:10
O cara foi chamado até de Lobisomem naqueles vídeos da McLaren “Tooned”, muito por conta das MASSIVE SIDEBURNS 🙂
joao vitor · 3 de março de 2015 às 23:21
quando eu nasci quem foi campeão foi Mika Hakkinen,caraca como vcs estão velhos kkk!!!!
Joshué Fusinato · 4 de março de 2015 às 14:55
Não se discute mais pêlos faciais, depois de conhecer harald Ertl, como eu citei no episódio. Segue a foto:
http://f1.imgci.com/PICTURES/CMS/12600/12628.jpg
Eduardo Casola Filho · 4 de março de 2015 às 16:17
O Dom Pedro I da F1
Eduardo Casola Filho · 4 de março de 2015 às 16:21
Em relação a idade, digo que nasci no ano do primeiro título de Ayrton Senna. Talvez isso indique as minhas preferências.
Victor · 10 de março de 2015 às 2:44
Nasci no ano do título do Prost 1993. Dizem que um tal de Senna deu aula em uma certa corrida na Inglaterra neste ano.
Carlos Del Valle · 10 de março de 2015 às 11:25
Isso! Interessante que eu pessoalmente tinha 18 anos mas não lembro dessa corrida… Estava no primeiro ano da faculdade, sabe como é, Vida Loca 🙂
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